Em 28 de abril de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS), reconheceu o papel dos fonoaudiólogos no tratamento de pacientes com COVID-19 e enfatizaram também que todos os membros da equipe multiprofissional são de extrema importância para o cuidado e a reabilitação dos pacientes.
Surgiu então, uma necessidade de orientar os profissionais da linha de frente e os que estão na prática de reabilitação da COVID-19.
Na fase aguda da doença, em que o paciente se encontra na Unidade de Terapia Intensiva, umas das formas de manutenção da vida é a ventilação mecânica invasiva, através de uma intubação orotraqueal, que dependendo do tempo, pode causar lesão laríngea e /ou disfagia em até 94% dos casos.
Além disso, a necessidade prolongada da ventilação invasiva pode levar à traqueostomia que também é um fator de risco para a disfagia.
Mecanismos sedativos administrados durante os cuidados intensivos e estratégias de suporte respiratório usadas para o tratamento da COVID-19, podem contribuir para o comprometimento da deglutição.
A estratégia de sedação necessária para a intubação prolongada, aumenta o risco da disfunção faríngea onde a respiração e deglutição ficam incoordenadas, elevando o risco de penetração e/ou aspiração laríngea e contribuindo para resultados adversos, como a pneumonia aspirativa.
Outro ponto a ser ressaltado é que, em casos graves que cursam com sepse, a alteração do estado de consciência e/ou delírio, constitui outro fator de risco para a disfagia.
É importante ter cautela nessa intervenção quando um paciente não está totalmente alerta ou consciente, pois aumenta o risco de broncoaspiração.
A desnutrição e a perda de massa muscular também são complicações frequentes da COVID-19 que podem cursar com a disfagia. Alguns pacientes podem sentir dores musculares, fadiga e perda do olfato e paladar.
A atuação hospitalar vai variar de acordo com a necessidade de cada paciente, levando-se em consideração a avaliação da disfagia pós-extubação, gestão da disfagia pós descompensação e comprometimento respiratório, manejo da traqueostomia, avaliação da comunicação e cognição.
O manejo fonoaudiológico em pacientes pós COVID-19 deve ser realizado por um profissional especializado. A avaliação e intervenção deve ser minuciosa e individualizada, onde o olhar clínico do fonoaudiólogo a cada paciente tem a necessidade de ajustar essa reabilitação com frequência de atendimentos.
Estar atento aos sinais de disautonomia, intolerância aos exercícios e aos mínimos esforços durante uma terapia, seja ela de disfagia, disfonia, perda ou redução do olfato e paladar, fraqueza ou fadiga muscular que vão interferir na deglutição, além de distúrbios cognitivos como déficit na atenção e na memória.
O fonoaudiólogo é o principal profissional envolvido no tratamento das disfagias e tem a missão de contribuir nas sequelas que esse paciente pós COVID-19 possa a vir apresentar, auxiliando na sua reabilitação funcional, autonomia e melhora na qualidade de vida.
Fonte: Vérgara J et al. Avaliação, diagnóstico e tratamento da disfagia em pacientes infectados com SARS-COV-2: uma revisão de literatura e diretrizes internacionais. American Journal of Speech‑Language Pathology, 2020.
Artigo Produzido por: Lillian Silva – Coordenadora da Pós em Disfagia