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Exercício e Qualidade de Vida em Pessoas Vivendo com HIV

O avanço da Terapia Antirretroviral de Alta Potência (TARV) transformou a infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) de uma doença rapidamente fatal em uma condição crônica gerenciável. No entanto, o envelhecimento da população soropositiva e os efeitos adversos crônicos da própria infecção e da TARV, como lipodistrofia, dislipidemia, resistência à insulina e maior risco cardiovascular demandam estratégias de saúde complementares. A atividade física e o exercício, definidos como qualquer movimento corporal que resulte em gasto energético e, no caso do exercício, como uma atividade planejada e estruturada, têm se consolidado como um pilar fundamental no autocuidado e na melhoria da saúde metabólica, física e mental das pessoas vivendo com HIV.

A prática regular de exercícios demonstrou ser um poderoso aliado na mitigação de várias condições associadas ao HIV e à TARV. No que tange à composição corporal, o exercício é crucial no combate à lipodistrofia, uma síndrome caracterizada pela redistribuição de gordura. Neste contexto, o exercício resistido, em particular, se destaca por sua eficácia em aumentar a massa magra (músculos) e reduzir a gordura corporal total, o que é vital para a melhoria da autoimagem e adesão ao tratamento. O treinamento de resistência (força), seja com pesos livres, máquinas ou elásticos, é essencial para prevenir e reverter a perda de massa muscular, um achado comum na síndrome de desgaste associada ao HIV.  Adicionalmente, em termos de saúde cardiovascular e metabólica, a atividade física é essencial para a prevenção e controle de alterações metabólicas críticas, como a redução dos níveis de colesterol e triglicerídeos e a melhora da sensibilidade à insulina. O exercício aeróbico regular fortalece o sistema cardiorrespiratório, promovendo uma função orgânica geral mais eficiente. Outro benefício físico direto é a manutenção da densidade mineral óssea e o fortalecimento de músculos e ossos, reduzindo o risco de osteoporose e fraturas, problemas frequentemente exacerbados em pessoas vivendo com HIV.

Embora o efeito direto do exercício na contagem de células CD4+ possa ser complexo e variar, os benefícios indiretos no sistema imunológico são significativos. O exercício moderado tem sido associado à melhoria da função imune e à redução da inflamação crônica, que é uma característica da infecção pelo HIV, mesmo sob TARV eficaz. Além dos ganhos físicos, a atividade física é um tratamento não farmacológico bem estabelecido para ansiedade e depressão, que são prevalentes em pessoas vivendo com HIV. A prática de exercícios, especialmente em grupo, promove a interação social, melhora o humor, a autoestima e a autoconfiança, atuando como um poderoso mecanismo de enfrentamento contra o estigma e o isolamento.

A segurança e a eficácia do exercício em pessoas vivendo com HIV dependem de uma abordagem individualizada, sendo crucial uma avaliação médica e cardiovascular completa antes do início de qualquer programa. Orienta-se a prática de pelo menos 30 minutos de atividade moderada, cinco vezes por semana, ou 75 minutos de atividade intensa, divididos em três vezes por semana (exercícios aeróbicos), essenciais para saúde cardiovascular e controle de peso. O treinamento resistido (força) é igualmente essencial para construir e manter a massa muscular e óssea. É fundamental que a progressão seja gradual e adaptada, acompanhada por hidratação e nutrição adequadas. O acompanhamento por profissionais de saúde, com conhecimento das especificidades do HIV, é essencial para garantir a segurança e a eficácia. Em suma, a incorporação da atividade física regular no plano de autocuidado das pessoas vivendo com HIV é uma estratégia de saúde pública altamente recomendada e custo-efetiva, capacitando os indivíduos a alcançarem uma vida mais longa, mais saudável e com maior qualidade.

 

Prof. Dr. Giulliano Gardenghi

Coordenador Científico da Faculdade CEAFI

Referência

  1. HIV.gov. Exercise and Physical Activity [Internet]. Washington (DC): U.S. Department of Health and Human Services; 2024 \[citado 2025 Dez 8]. Disponível em: [https://www.hiv.gov/hiv-basics/living-well-with-hiv/taking-care-of-yourself/exercise-and-physical-activity]
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